O mal avança no trote impetuoso de um cavalo ideal. Impressiona-nos como a decadência é hábil em provocar estragos exuberantes, mesmo em um curto espaço de tempo. Parece que geração alguma, será privada de observar os efeitos da putrefação do corpo social. É como se toda gente tivesse de experimentar com os próprios olhos os efeitos do mal em tudo. Na partitura da sinfonia cósmica, o mal fôra escrito em negrito; uma gentileza de nosso Senhor. E faz todo sentido que ele seja sempre tão enfático. Não que desconsidere o mal silencioso, entretanto, mesmo esse grita pela constância em que ocorre: mil sussurros abafam o mais alto dos gritos.
Não sei se é a velhice que nos faz casmurros, sei que como é natural com tudo o que amadurece, quanto mais maduros ficam meus olhos, mais tenho a sensação de que de podres cairão das órbitas. Diz-nos o evangelho que o olho é uma luz que a tudo ilumina e que se nas trevas estiverem, somente as trevas verão. Há uma fulgurante verdade aí, mas a luz afiada de um relâmpado atrasado corta as trevas de algo não observado. Refiro-me ao fato paradoxal de que quem não percebe a presença da mão bandida do mal sorrateiramente furtando a potencialidade do ser, está cego ou pela inocência ou pela covardia.
E tudo isso que vou escrevendo, nas subidas e descidas de ideias que irrompem meus planos literários, o faço para afirmar que fico abismado com a situação moral do país que meus pés tocam. A verdade é que o país pouco me importa, abismei-me quando vi crianças dançando funk no pátio de uma escola pública. E o pior não é a decadência própria disso, mas o aterrador futuro que se nos apresenta quando pela imaginação progredimos os acontecimentos que se sucedem do fato de que hoje crianças dançam funk no pátio das escolas.
Para fazermos este exercício imaginativo, primeiro lembremo-nos de que funk não é música, mas sim, ritmos pré-coito inventados para animar a suruba de traficantes. Agora retornemos ao fato de que, estimuladas por instituições educacionais, constituídas em sua maioria por pedagogos e gente "estudada", crianças com menos de dez anos estão dançando isso nas escolas. Será que esses animais não percebem que estão pavimentando um caminho para a objetificação sexual de crianças? Ou essas bestas estão tão depravadas que perderam completamente a sensibilidade para a decência? Sem dúvida alguma a decência hoje é uma ideia que faz com que os macacos com RG mostrem os dentes, como se ela fosse algo ultrapassado. Veja só decência?! Bacana mesmo é sermos promíscuos na medida certa. No fundo há uma espécie de pacto social que modula as interações sociais aí no mundão. Ele se dá assim: "você na intimidade, não precisa ser um completo depravado, mas não é de bom tom, em público, parecer muito decente".
É surpreendente como logo depois do Pecado Original, o gênero humano vêm em uma vertiginosa queda que parece não ter fim. Os otimistas que olham para a história e veem o lado bom, estão muito provavelmente vendo algum lado debaixo da terra. São avestruzes que observando minhocas a rastejarem sobre suas próprias fezes, julgam estarem vendo gaivotas rasgando o azul do céu. Certamente o ponto alto de nossa história, foi a vinda de Cristo, que não tirou o mal do mundo, mas deu-nos a possibilidade de uma esperança que paira como que se equilibrando no fio de barbante que no horizonte separa a terra do céu. Esperança que se equilibra no centro gravitacional de nossa fé, que por uma força transfísica nos dá coragem para enfrentarmos uma guerra que pela nossas forças já está perdida, mas que para ser vencida pela força de Deus precisa ser lutada por nós.
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